sábado, 11 de setembro de 2010

Fittipaldi Automotive

Uma breve história do Formula 1 Brasileiro

“... se fazer fosse tão fácil quanto se saber o que se é necessário fazer, as cabanas dos pobres seriam palácios e as capelas seriam igrejas... “
Do Livro “Sonhos de uma noite de verão “
William Sheakspeare

Eu acredito que todas as pessoas tenham os seus sonhos, tem gente que tem sonhos realizáveis, outros que tem sonhos impossíveis, eu me encaixo nesta ultima categoria, quando eu tinha por volta de 14 anos, os irmãos Fittipaldi decidiram fazer um carro de Formula 1 aqui no Brasil, para mim isso foi a mesma coisa que dizer que o Brasil de agora em diante se tornaria uma nação de primeiro mundo, com a sua própria equipe de Formula 1 e  ainda fabricado aqui em casa. Wilson Fittipaldi Junior começou então a epopéia, contratou o projetista Brasileiro Ricardo Divila e o encarregou da mais nobre missão dos últimos quatrocentos e setenta e quatro anos no Brasil, projetar e construir o FD01 (F de Fittipaldi e D de Divila), no inicio as coisas foram muito bem, Wilsinho Fittipaldi conseguiu o patrocínio da Copersucar e o apoio de diversas industria Brasileiras entre elas a Fabrica de Aviões Embraer que cedeu o túnel de vento, o publico apaixonado por corridas apoiou incondicionalmente, estávamos na verdade vivendo juntamente com os irmão Fittipaldi o sonho mais maravilhoso e impossível de todos.
A história desta empreitada foi muito longa, na verdade vale um livro como o que escreveu recentemente o jornalista Lemyr Martins “A saga dos Fittipaldi”, durante este tempo alternaram-se momentos bons e também muito tristes, mas de qualquer forma ficou para sempre na história do automobilismo Brasileiro e mundial a marca dos Fittipaldi , Brasileiros e muito patriotas.
Durante todo o período que compreendeu a existência da equipe Fittipaldi uma questão sempre me atormentou, a falta de apoio que o negócio F1 Brasileiro teve da imprensa “especializada” desde o inicio , o que penso é que nossos jornalistas não acreditavam no Brasil e nos Brasileiros, eu chego a crer que a imprensa “especializada” da época sofria do que chamo de “baixa auto estima nacionalista”, não acreditavam que Brasileiros poderiam fazer algo complexo como um carro de Formula 1.
Contudo o carro foi feito,  o primeiro filho nasceu,  o FD01,  na primeira corrida da temporada de 1975 Wilsinho alinhou  para a largada do  GP da Argentina  em Buenos Aires, um autódromo que eu tive o prazer de conhecer com suas curvas em relevo e a rápida chincane Ascari, uma maravilha, mas voltando , em meio a todas as dificuldades inerentes a se alinhar para uma corrida seja ela qual for (vejam só, eu tive muitas dificuldades para alinhar o meu Chevette 74 mais conhecido como “missão cumprida” em uma corrida do campeonato paulista de pilotos aspirantes), e ainda mais sendo a Formula 1 , Wilsinho estava lá com o nosso querido “filho” FD01, se classificou em ultimo e por muito pouco não ficou de fora do Grid, dada a largada o carro vinha no “bolo”, porem na 13ª. volta quebrou o diferencial blocante o que provocou uma rodada, logo após o carro se incendiou ( veja no quadro abaixo a sena filmada por um cinegrafista amador).

Este foi o fim do FD01 , a próxima etapa seria no Brasil e Wilsinho  correria com o FD02 já com diversas alterações sendo as principais no sistema de arrefecimento do carro, conseguiu classificar para largar em 21º. e chegaria em uma honrosa 13ª. colocação à frente de feras como Ronnie Petterson ainda com o consagrado Lótus 72, Jean Pierrer Jarrier com o Shadow, Patrick Depalier com Tyrrel, Tom Price, Arturo Merzario de Williams, Mark Donohue, Jody Scheckter e Vitorio Brambilla, se olharmos para o que ocorre nos dias de hoje, uma equipe como a HRT do Bruno Senna toma em média 4,7 segundos dos lideres, e dificilmente passa da 20 colocação, comparado a isto o Copersucar seria uma equipe média nos dias de hoje.
O ano para o FD02 continuo difícil, durante a temporada estrearam o FD03 contudo as coisas não estavam fáceis, alias, como é o normal ocorrer no primeiro ano de uma equipe em qualquer categoria, em todo o ano a melhor colocação foi o 10º. no Grande Premio dos Estados Unidos em Watkins Glen, Wilsinho terminaria a temporada na 27ª. posição entre os pilotos e a equipe Fittipaldi em 14º. a frente de times como Lyncar, Lola, Shadow, Surtess e BRM.
O ano de 1976 começa promissor, Wilsinho conseguiu que o patrocinador principal da equipe a Copersucar cobri-se a oferta da MacLaren por Emerson Fittipaldi, portanto a equipe teria como primeiro piloto o bi-campeão mundial, vejam bem, isto provavelmente foi uma estratégia para que conseguissem injetar mais dinheiro no time pois sabia-se extra-oficialmente que Emerson não retiraria o seu salário, o segundo piloto seria a jovem promessa Ingo Hoffmann e estreariam o FD04 (veja imagem abaixo).


A temporada se inicia com o GP do Brasil, e as coisas começam bem, no treino de sexta-feira Emerson faz o 3º. tempo atrás somente das Ferraris de Niki Lauda e Clay Regazzoni, no sábado no treino classificatório mais uma surpresa espetacular, Emerson marca o 5º. Tempo, largaria na terceira fila deixando para trás gente de renome, porem durante a corrida teve problemas, uma parada nos boxes acabou com suas chances e ele terminou em 13º., Ingo Hoffmann com o carro que andou em Silverstone termina em 11º..
Neste ano Emerson Fittipaldi marcaria os primeiros pontos da equipe no Grande Premio dos Estados Unidos, sendo que nesta corrida sofreu  uma batida por trás de Hans Stuck  na largada, o que o levaria a ultima posição, porem com o estilo cerebral e a pilotagem refinada de sempre, Emerson conseguiu chegar a 6ª. colocação, isso seria muito importante pois permitiria a equipe participar da Associação de Construtores e Wilsinho poderia participar das reuniões de definição e defender as suas opiniões, alem disso a equipe teria o transporte dos seus veículos pagos pela associação diminuindo consideravelmente o custo operacional. Alem dos EUA Emerson conseguiu pontuar também em Mônaco e Brands Hatch todos em 6º., finalizando o ano com 3 pontos importantíssimos, Ingo Hoffmann durante o ano foi substituído pelo jovem Alex Dias Ribeiro. O que pôde se observar durante o ano foi uma grande dificuldade em se conseguir aderência do carro, Ricardo Divila parecia ter sérios problemas para definir o melhor acerto , com isso a equipe resolve contratar um outro projetista, Maurice Phillipe, neste momento a imprensa nacional começa a fazer o seu trabalho nefasto transformando o projeto do F1 Brasileiro em motivo de chacota, a imprensa “especializada Nacional” foi implacável com a escuderia e com os irmão Fittipaldi, isso foi profundamente danoso por toda a existência do projeto pois viria a prejudicar de forma definitiva a imagem do carro para a mídia em geral. Apesar de tudo isso,  com o FD04 a equipe terminaria o ano em 11º. e Emerson seria o 17º. colocado entre os pilotos, performance muito melhor que a do ano anterior. O próximo ano seria uma incógnita, a espectativa da imprensa era a de que para a equipe Fittipaldi os “braços” de Emerson eram o suficiente para se conseguir uma vitória, afinal eles sempre acreditaram que quem ganha as corridas é somente o piloto o carro era um mero “detalhe”, e com essa idéia em mente, a imprensa “especializada Nacional” da época formou a opinião do grande publico, isso foi profundamente prejudicial a equipe.
Veio o ano de 1977, os Fittipaldi estavam alinhando com o F5 (já sem o D de Divila), a equipe resolveu se mudar para a Inglaterra e a utilizar componentes importados, até então tudo era fabricado no Brasil, (esse excesso de nacionalismo se mostrou um grande erro, porem não se pensava de modo globalizado naquela época), contratam o projetista David Baldwin que era da Ensign, Ingo Hoffmann retorna ao volante do 2º. Carro, no meu ponto de vista apesar das dificuldades as coisas melhoravam, Emerson conquistou três 4º. Lugares e terminou o ano com 11 pontos em 12º. Lugar e a Escuderia ficaria com o 9º. lugar a frente de feras como a Renault, Ensign, Surtess, Hesketh, Penske, BRM, March e muitos outros, vejam que ai existem nomes que fizeram fama e a Renault por exemplo esta ai até hoje, portanto não foi pouco, mas a imprensa “especializada Nacional” covardemente continuava batendo nos Fittipaldi, publicando noticias como a que dava conta que Emerson teria propostas de outros times para sair da equipe Fittipaldi e não saia devido ao altíssimo salário, isso foi somente algum dos absurdos que foram publicados, eu lembro de ter visto uma charge onde um jornalista desenhou uma cama como sendo o F5 e o Emerson dirigindo meio deitado, numa referencia jocosa a uma suposta falta de empenho geral da equipe, coisa que nós todos sabemos que nunca faltou a nenhum integrante do time, isto não se faz, somente para traçar um paralelo, hoje a imprensa trata o Rubens Barrichelo desta forma, coisa que eu considero uma injustiça igual.
Durante este ano apareceram muitas novidades, a Renault entrou com o motor turbo e a Lotus lançou o conceito do carro asa, implementando o “efeito solo” coisa que deu um nó na cabeça dos projetistas da época e provocou uma revolução que dura até hoje, tudo isso fez com que os custos de uma equipe de formula 1 subissem a padrões estratosféricos, somente para lembrar , o orçamento da equipe Fittipaldi em 1975 era de US$ 1 milhão, o orçamento de uma equipe grande era algo entre 4 ou 5 milhões de dólares, esses números quintuplicaram imediatamente, somando-se tudo isso mais a imprensa “ajudando” pode se ter uma idéia das dificuldade em conduzir os trabalhos.    
Chega o ano de 1978, acredito eu que foi o melhor ano de todos, este foi o ano em que os Fittipaldi literalmente “viraram a mesa”, foi o ano do F5A o melhor carro que eles fizeram, o projeto do carro foi revisado em toda a sua parte aerodinâmica pelo Studio Fly da Itália dos projetistas Giacomo Carili e Luigi Marmilori, isto trouxe resultados espetaculares. A temporada se inicia na Argentina onde Emerson chega em 9º., a segunda prova no Brasil marca a estréia do autódromo de Jacarepaguá no Rio de Janeiro, , na classificação o velho rival de Emerson o “Sueco Voador” Ronnie Peterson faz a pole, Emerson consegue classificar o carro em 7º. , poderia ter sido melhor porem, a quebra de uma junta homocinética o deixou do lado oposto aos boxes (ele parou no retão), isso o fez perder muito tempo, alem do que teve que fazer a classificação com o carro reserva, mesmo assim deixou para trás equipes poderosas como Brabhan com Niki Lauda e tudo, Tyrrel, Shadow, Ligier e muitos outros. Veio a largada para a corrida, o Emerson sempre foi muito concervador na largada para economizar a embreagem para o resto da corrida, a “imprensa especializada” insistia em publicar que o Emerson era um piloto que largava mal, pois bem nesta largada Emerson não economizou na Embreagem e “acelerou bruto” para cima dos seus concorrentes, conseguiu pular para 5º. a frente de Gilles Villeneuve que quase imediatamente recuperou a posição ,  eu pessoalmente me lembro muito bem desta corrida, lembro do momento em que o Emerson veio ganhando posições, primeiro ele recuperou o quinto lugar ultrapassando Gilles Villeneuve após este ter dado um passeio pela grama, depois veio a ultrapassagem sobre Ronnie Peterson e ele já era o 4º., três voltas depois Emerson já ocupava a 3ª. posição que era de James Hunt, a partir da 56ª. volta o poderoso Lotus de Mario Andretti (o carro que seria o campeão da temporada) não suportou o calor, perdeu a 4ª. marcha, Emerson passou por ele sem maiores problemas assumindo a 2ª. posição, agora restava alcançar a Ferrari de Carlos Reutmann que estava 50 segundos a frente, na verdade uma missão impossível, veio a bandeirada e estava sacramentado o 2º. Lugar para Emerson e a equipe Fittipaldi, foi um momento de felicidade extrema, havíamos conseguido o segundo lugar de fato, sem que tivessem havido abandonos ou quebras, foi corrida de equipe grande, eu me lembro deste momento muito particularmente, meu Pai chorou muito, eu nunca tinha visto meu Pai chorar, meu Pai era um grande entusiasta do automobilismo e admirava muito os Fittipaldi, compartilhava junto comigo do sonho do Formula 1 Brasileiro, me lembro que anos mais tarde quando Emerson parou de correr e logo após com o fechamento da equipe meu Pai me falou, “agora vou voltar a torcer pela Ferrari como sempre fiz...”. Neste ano Emerson Fittipaldi terminou em 10º. Lugar entre os pilotos marcando um total de 17 pontos, deixando para trás pilotos do calibre de Alan Jones, James Hunt, Patrick Tambay, Didier Pironi, Clay Regazzoni, Jean Pierre Jabouille, Jean Pierre Jarrier, Rene Arnoux e muitos outros e a equipe Fittipaldi ficaria em 7º. deixando para trás MacLaren, Williams (com o FW06 antecessor do legendário FW07), Arrows, Shadow, Renault, Surtees, Ensign, Hesketh e muitos outros . Ainda em 1978 teríamos como fatos relevantes a estréia de Nelson Piquet no Grande Premio da Alemanha e o trágico acidente na largada do GP da Itália em Monza, que levaria a morte o grande Ronnie Peterson.   Abaixo o F5A.



1979...
Os anos que viriam pela frente seriam muito duros para a equipe, Wilsinho ficou muito impressionado com o desempenho do Lotus de Colin Chapman e contratou Ralph Bellamy que fazia parte do projeto daquele carro , Wilsinho pediu a Bellamy que fizesse uma “Lotus Amarela”, no primeiro dia de testes do F6 em Interlagos Emerson saiu para testar o carro e logo percebeu um problema muito sério de torção excessiva do Chassis, deu poucas voltas e parou nos boxes, quando Wilsinho chegou perto e ele abriu a viseira, Wilsinho viu a expressão de desapontamento estampada em seu rosto, ele lhe falou “ o carro é uma merda, estamos ferrados “ , Emerson teve que iniciar a temporada com o F5A, porem todos estavam muito anciosos para a estréia do F6 no Grande Premio do Brasil, Emerson chegou a treinar com o F6, porem acabou correndo com o F5A (velho de guerra), 25 anos depois Wilsinho revelou em entrevista que já se sabia que não seria possível estrear o F6 no GP Brasil e informou a imprensa que o carro não foi para a pista por ainda não estar devidamente testado, “ já sabíamos que o F6 era péssimo, mas imagine a nossa situação, como íamos explicar isso a imprensa e ao publico, em pleno GP do Brasil, depois de tanta espectativa criada em torno do carro “, o F6 faria somente uma corrida, o grande premio da África do Sul, após isto seria levado ao Studio Fly para ser radicalmente modificado e correr com a sigla F6A. Durante todo o ano Emerson conseguiu marcar apenas 1 ponto no Grande Premio da Argentina correndo com o F5A, no restante do ano não tiveram a menor chance, o F6A era um carro derivado do F6 um carro que nascera ruim, durante boa parte da temporada correram com o F5A que apesar dos bons resultados do ano passado não era um carro asa e portanto foi facilmente superado pelos seus oponentes. O pior de tudo foi que o projeto do F6 era muito inovador, e portanto consumiu muitos recursos, alem da falta de competitividade do carro ele também foi um desastre para as finanças da equipe, e isto iria definitivamente comprometer os planos futuros. No final do ano de 1979, os irmãos Fittipaldi compraram a escuderia Wolf, com ela veio o competente projetista Harvey Postletwaite e o jovem e veloz piloto Finlandês Keke Rosberg. Neste ano a equipe Fittipaldi termina em 12º. Entre os construtores e Emerson fica com a 21ª. posição entre os pilotos, neste mesmo ano Nelson Piquet que assinara com a Brabhan já mostrava que haveria sucessão obtendo um excelente 4º. Lugar em Zandvort na Holanda, tambem neste mesmo ano a Williams lançou o legendário FW07, e mostrou ao mundo que o simples pode ser eficiente e dar resultados e muito.    Abaixo o F6A.



Em 1980 a equipe muda de patrocinador, a tradicional Copersucar foi substituída pela cervejaria Skol e a Equipe Fittipaldi tinha o maior orçamento de sua história, os novos F7 foram construídos com base nos carros da equipe Wolf WR7-9, e seriam pilotados por Emerson e Keke Rosberg (basta ver o filho dele hoje dando “espanco” no Schumacher direto para saber como era o pai ), o ano começa a todo vapor e na Argentina Keke Rosberg estréia na equipe com um pódium, 3º. logo de cara, Emerson faz 3º. no GP dos EUA em Long Beach, sendo que nessa mesma corrida Nelson Piquet venceu, Keke ainda seria 5º. em Monza e Emerson conseguiria um bom 6º. em Monaco. Neste momento era evidente o stress pelo qual passavam tanto Emerson quanto Wilsinho, isso refletiu diretamente na pista sendo Keke constantemente mais rápido que Emerson praticamente todo o ano. Ao final de 1980 ocorreram dois fatos muito importantes, o primeiro foi o abandono das pistas de Emerson passando a dirigir a equipe juntamente com Wilsinho, o segundo e mais complicado foi a perda do contrato de 3 anos com a Skol, os Fittipaldi ainda conseguiram negociar o valor do patrocínio de 1981 sem vincular nada nem no carro nem no macacão dos pilotos, em troca do encerramento do contrato e a liberação do compromisso para 1982, agora tinham que correr atrás de um novo patrocínio, porem com o massacre que sofriam da emprensa “especializada Nacional” as coisas ficaram difíceis, chegaram perto de fechar com varias empresas, porem no final todas recuaram.
O ano de 1981 foi muito difícil, a quipe alinhou com o F8C e não conseguiu marcar nenhum ponto sequer, a melhor colocação foi o 7º. Lugar de Chico Serra no GP de Long Beach, o carro não funcionava, com as finanças debilitadas, a equipe conseguiu fazer o impossível para alinhar durante as corridas, contudo foi um ano para esquecer.
Em 1982, infelizmente o ultimo ano da equipe, o que poderia vir a ser alguns bons resultados acabaram em quebras ou acidentes, Chico Serra ainda conseguiu marcar um 6º. Lugar em Zolder na Bélgica, durante esta corrida aconteceu o tragico acidente que vitimou o piloto Gilles Villeneuve, uma perda irreparável para o automobilismo e para a Formula 1, em outra corrida durante a classificação, Chico vinha em uma volta rápida com pneus novos e tomou uma fechada do piloto Brasileiro Raul Boesel, ao chegar no Boxe Chico teve que ser contido por Emerson e alguns mecânicos pois queria bater em Boesel, isso demonstra bem o estado de espírito das coisas, a equipe acabará de perder uma oportunidade importante, contudo essas fechadas muitas vezes são “coisas de corrida” mas naquele momento, a equipe estava perdendo uma oportunidade que talvez fosse a única. Nesse ano a equipe iniciou utilizando o F8D e Roberto Divila ainda fez o F9, porem sem grandes resultados, por fim a equipe alinhou pela ultima vez no GP da Itália, pois não conseguiu se classificar para o GP dos EUA , era o fim do sonho do F1 Brasileiro, para tristeza dos aficcionados e talves para alegria da imprensa “especializada Nacional” .

E muito fácil depois de tudo apontar os erros e dizer o que deveria ser feito e o que não deveria ter sido feito, mas o duro é estar ali tentando fazer as coisas no meio do furacão, ter coragem de se expor e de prosseguir mesmo nas horas mais difíceis. Alguns fatos foram preponderantes e acabaram minando a estrutura do negócio, para mim os principais pontos foram: o projeto errado do F6 muito inovador, complexo, caro e no final um grande prejuízo, alem disso a perda do patrocínio da Skol no meio do caminho atrapalhando o plano trienal da equipe (80 a 82), as grandes e constantes mudanças de regulamento que ocorreram durante o período de 1979 a 1982 na Formula 1 e também o advento dos carros asas e dos motores turbo que encareceram e tornaram o negócio mais complexo e caro, tudo isso junto foi demais, muitas equipes nesta mesma época tiveram o mesmo destino da Equipe Fittipaldi.
Para mim fica o orgulho de termos tido a nossa equipe, o respeito e admiração aos irmãos Fittipaldi pela coragem, pela garra e determinação, foram extremamente patriotas o que em minha opinião acabou até atrapalhando, pois como todos sabem, nós damos muito ao Brasil e recebemos muito pouco, eles deram demais ao Brasil e receberam quase nada (para ser bem ponderado).

Eu acredito que o sonho permanece, que ainda deveremos ter o nosso Formula 1 novamente, acredito que temos Brasileiros com competência para executar esta tarefa, e uns tantos malucos (ai eu me incluo entre eles) que embarcariam fácil nesta nova empreitada, acredito que a esperiencia dos irmãos Fittipaldi irá servir de lição para muitos, para entender melhor os caminhos a serem tomados, apesar de vivermos um momento muito diferente na Formula 1 de hoje onde um time pequeno chega a custar por baixo 100 vezes mais do que custava a equipe Fittipaldi, apesar de tudo isso acho que esta na hora de voltarmos.

Para finalizar mais uma frase de Sheakespeare
“... os amantes os loucos e os poetas, tem mentes tão febris, tantas fantasias tão vividas que compreendem mais do que a razão fria jamais compreendera...”

Do Livro “Sonhos de uma noite de verão “
William Sheakspeare


José Carlos Fernandes Junior


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Um comentário:

  1. muito boas ilustrações,materia e e memoria ...um a coisa que nao sabia que a imprenssa nao dava o devido apoio...hj aposto que ateh a tv globo mesmo com um carro ruim faria o carro parecer uma maravilha...kkk

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