segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Airton Senna – O dia em que a terra parou

Foi muito impressionante o que vimos neste dia, era o sábado do treino de classificação para o GP do Brasil de 1990, estava acontecendo também a reinauguração do autódromo de Interlagos, agora com o nome José Carlos Pace ( excelente homenagem a um dos maiores pilotos Brasileiros de todos os tempos), também estávamos vendo pela primeira vez o novo traçado que encurtava o autódromo pela metade e o transformava em um autódromo de 3ª., (somente para ilustrar, um autódromo de terceira é um autódromo fácil de pilotar, onde praticamente todas as curvas são feitas em 3ª. Marcha, o piloto vem, breca, põe terceira e contorna, diferente de vir, se aproximar, se preparar, entregar a alma a deus e fazer a curva de PÉ NO PORÃO, isso sim é pilotar, este assunto iremos explorar oportunamente), também devemos dar uma nota relevante ao fato de terem destruído a lanchonete que tinha nos boxes e que não era lá grande coisa, mas preparava o inesquecível misto Afonso, aquilo era uma delicia, uma espécie de tortilha com queijo e presunto, hoje não existe mais o misto Afonso. Pois bem, voltando ao sábado da classificação, começou o treino, os pilotos dando o Maximo possível e tentando virar o seu melhor tempo, me lembro que Nelson Piquet corria com o Benetton BT190 projetado por John Barnard e Rory Byrne, um bom chassi mas usando um Ford Cosworth HBA4 (já um Old Dog, denominação de motor velho e confiável) porem distante dos motores Ferrari e Honda, sempre guiando de forma espetacular porrem devido a problemas acabou largando em 13º. e chegando em 6º., mas durante o campeonato se manteve no encalço das imbatíveis MacLarens e Ferraris, em determinado tempo Alan Prost com a Ferrari 641, virou a pole com 1:19 auto, e as coias foram se conduzindo , o treino durava 1 hora e era muito diferente do que ocorre hoje, naquela época o piloto saia quantas vezes quisesse, no momento que quisesse. Eu e meu amigo Nelson estávamos assistindo a tudo isso de um lugar extremamente privilegiado, estamos na casa da Avó de Rubens Barrichello, a convite do meu grande amigo Darcio dos Santos, a casa dela fica vizinha ao autódromo, muro com muro, bem onde era a Curva 2, portanto estávamos de frente para o S do Senna com vista quase que total da reta oposta e do miolo, na verdade perdiamos a vista na decida do lago e somente recuperávamos na saída do curva do S, para melhorar as coisas o Darcio montou uns andaimes para que a gente pudesse ficar mais alto que a arquibancada que estava montada a nossa frente. O treino prosseguia, o que víamos ali eram 3 categorias distintas correndo ao mesmo tempo, Senna e Berger na MacLaren e Prost e Mansel com a Ferrari a 1 segundos do resto, depois Benetton, Tyrrel e Willians e lá para trás a Brabham, Lola, Lotus, Minardi e outras a 1 segundo do pelotão anterior, a luta pela pole se resumia a Prost e Senna. Faltando uns 20 minutos o Airton saiu para virar uma volta, o autódromo veio abaixo, ele virou 1:19 baixo, imediatamente após o Prost saiu e virou 1:19 duro (significa 1:19:00) portanto o Prost estava com a pole, isso faltando uns 15 minutos para acabar, pois bem , o resto da canalhada (outros pilotos) estavam tentando melhorar os seus tempos, e o Airton lá parado, e o tempo passando, e a galera se matando para virar 1:20, e o Airton lá parado, e o Prost com a Pole, bom quando faltavam 3 minutos para fechar os boxes e o treino finalmente ser encerrado o Airton Senna saiu com o MacLaren MP4/5, pneus novos, sem nada de gasolina, preparado para a Flying Lap, passou aquecendo os pneus na frente do publico que literalmente vinha ao delírio, nós no andaime já conhecíamos está estratégia dele que acabou se tornando bastante famosa, sair para virar a pole somente quando não desse mais tempo de recuperação para os rivais, eu peguei o cronometro que havia ganhado do meu pai de amigo secreto e estava pronto, eu queria cronometrar o que estava para acontecer, e o Airton vindo, fez a descida do lago devagar, aquecendo os pneus, o laranjinha, o S , o pinheirinho, o bico de pato ( onde iria acertar o Nakagima na corrida), o mergulho, quando chegou na subida da junção “ele virou o cramulhão” foi nesse momento que a Terra Parou, ele veio muito rápido , literalmente com o PÉ NO PORÃO mesmo, nos no andaime do Darcio nos preparamos, ele abriu a volta literalmente flying, chegou no S do Senna e freou nos 30m, a freada foi tão forte que os discos de freio do MacLaren ficaram incandescentes, ele passou de 6 para 2 sem passar pelas outras marchas e literalmente jogou a “caranga” na primeira perna do esse, a outra perna ele fez em terceira telegrafando o acelerador (telegrafar o acelerador é uma técnica muito utilizada por Kartistas), contornou a curva do sol de pé cravado e subindo as marchas, trepou na zebra na saída da curva do sol com as 4 rodas, quase foi dar no antigo muro do Berger, e entrou na reta oposta literalmente “despejando a cavalaria” do motor Honda RA109E V10, dava para sentir nos ouvidos, nariz e no peito a picardia do motor a “plenum”, de onde estávamos não deu para ter esse nível de detalhes de como ele contornou a descida do lago, laranjinha, S, pinheirinho, bico de pato e mergulho, mas deu para ver uma coisa interessante, nós no andaime estávamos muito habituados a cronometrar os trechos (como é feita na tranmissão pela TV hoje setor1, setor2 e Setor 3) e eu tinha o tempo de todos os pilotos no trecho entre a subida da junção e a linha de chegada, ele meteu 1 segundo na Brabham entre a junção e a linha de chegada, isso é muito tempo, ele fechou a volta em assombrosos 1:17:27, ele meteu 2 segundos no Alain Prost, ai a Terra começou a girar novamente, porque naquele momento, o cara tinha subvertido o tempo, foi incrível, na nossa cronometragem de trecho, entre a entrada do S do sena e a saída da curva do sol que hoje é uma coisa só ele foi 0,8 segundos mais rápido que o Alain Prost, isso é um canyon intransponível.
Foi fantástico, aquilo ficou marcado para sempre, eu gostaria de ter congelado meu cronometro e guardado aquele registro.
Todo Brasileiro espera que apareça um novo Airton, procuram o Airton em todos no Felipe no Rubens em vários, mas não se esqueçam para ter um novo Airton teríamos também que ter uma nova MacLaren MP4/5.


José Carlos Fernandes Junior

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sábado, 7 de agosto de 2010

Turismo 5000, Getulio, o tanque e o vidro de traz do Maverick

Caros leitores, este titulo pode parecer estranho, mas no decorrer desta narrativa vocês vão entender.
Tudo aconteceu em um domingo de 1985, ano em que a categoria Turismo 5000 estava no auge, para quem não sabe esta categoria permitia que o piloto competisse com veículos com motor V8 e 5000 cc, portanto Maverick, Dodje e Galaxie, na época esses carros não valiam nada, eram gastões e a gasolina era cara, era comum comprar um Dodje por algo como R$ 500,00 reais dos dias de hoje. Portanto era uma categoria barata, apesar de atrair gente competitiva que investia nesta categoria por ser uma categoria rápida afinal era um V8. Corria-se no anel externo era algo inspirado na Nascar americana, com todos esses ingredientes juntos tínhamos uma corrida bastante interessante, gente andando rápido e gente correndo com verdadeiras “bicheiras” mas com um V oitão. Isso produzia situações espetaculares, em poucas voltas os veículos mais rápidos já alcançavam os retardatários, e isso aumentava ainda mais a competitividade e a disputa. Eu participava com a equipe do Roberto Dies, o Robertinho, tinha grande apoio no bairro (Vila Gerty – São Caetano do Sul), era o Schumacher do pedaço, tinha um Maverick que era muito ruim, eu me lembro do dia em que para que pudesse participar da corrida, meu pai, que tinha um Galaxie 1976, emprestou o radiador e os rolamentos do carro que ficou sobre cavaletes, alias , era um perigo você ir ao autódromo assistir a uma corrida de T5000 com um carro da mesma marca dos que corriam, invariavelmente o seu carro seria canibalizado por algum competidor seu amigo que iria te pedir peças emprestadas, eu lembro que fomos com o Valdir Castanha um amigo meu que tinha um Maverick (coitado do velho Castanha), o Dies teve muitos problemas durante os treinos e foi tirando peças do carro do Castanha, afinal amigo é para essas coisas, ele tirou a bobina, manga de eixo (Dies deu uma trepada errada na Zebra na saída da curva 2), Carburador, coletor de admissão, rolamento dianteiro, pinça de freio, burrinho de freio (dá para perceber que o carro não estava parando), deixou o Maveco do Castanha no Cavalete, eles demoraram uns 15 dias para recuperar o carro e tira-lo do autódromo, naquele dia voltamos de carona dentro do T5000, pois a Kombi que rebocava o carro até o autódromo fundiu o motor. Meus queridos leitores, este dia foi muito difícil,  mas como diz o ditado "Não existem sacrificios para quem ama o esporte".
Mas na verdade não estamos aqui para falar do Dies, que com toda certeza merecerá um capitulo à parte neste blog, vamos falar da coisa mais bizarra que eu vi, que foi o acidente do Getulio, esse cara tinha um Maverick preto pintado mais ou menos como se fosse uma Lótus 72D do Emerson Fittipaldi (lembram-se John Player Special), o carro de longe até que era “bonitinho”, lógico como todo o carro de corrida era bonito de longe, de perto era outra coisa, mas prosseguindo, o Getulio também era de São Caetano do Sul e morava no Jardim São Caetano, não existia nenhum tipo de rivalidade entre o Getulio e o Dies.
Muito bem, começa a corrida, a largada era lançada como na Nascar, e o Getulio vinha do meio do pelotão para traz, algo como 17º. colocado em aproximadamente 25 competidores, e evidentemente acreditando muito no seu talento e mesmo sabendo que não tinha carro queria impressionar e ir para cima, no autódromo antigo tinha o Retão com quase 1 Km de distancia, e ali dava para embalar bem, sentar o Pé no Porão, e os mais hábeis se aproveitavam do vácuo do que ia à frente, no nosso caso, nosso amigo Getulio em vez de grudar no vácuo , ele gostava de “dar ibope no retrovisor” do carro que ia na frente, isso significa ficar mudando de lado ou tentando a ultrapassagem alternando por dentro e por fora, e foi ai que aconteceu todo o drama, ele vinha no retão atrás de um cara que eu não me lembro, fazendo o seu jogo, numa dessas mudanças de direção ele pegou uma zebra que tinha na entrada da Curva 3, ali um T5000 como o dele estava fácil a uns 240 Km/h, não deu outra, o pneu dianteiro pegou na zebra e levantou a frente do Maverick que decolou e saiu capotando e desmanchando literalmente, com o Getulio Dentro, em determinado momento, e aqui eu solicito que não me peçam para explicar, o Getulio arrancou o cinto de segurança de 4 pontos no peito, e saiu o Getulio e o tanque de combustível de 100 litros PELO VIDRO DE TRAZ DO MAVERICK QUE É MINUSCULO ainda com o Maveco capotando, vale lembrar que o Getulio na época era um cidadão com pelo menos uns 85 Kg. Bom estava feito o desastre, o carro saiu capotando e teve o santo Antonio quebrado ficando com no Maximo uns 50 cm de altura (graças ao bom Deus que o Getulio saiu pelo vidro de traz), e o Getulio caiu na grama, ele o tanque e o banco (o banco saiu também junto com eles ) , muito bem, emergência no autódromo, chamaram a ambulância para buscar o Getulio, alias quero abrir um parêntese aqui, naquela época não tinha formula 1 em São Paulo, portanto o autódromo não tinha a mina infra-estrutura, tanto que não se podia tomar o traçado correto da curva 3 porque tinha um buraco ali, voltando na emergência, a Ambulância saiu dos boxes com destino a curva 3 para buscar o cara, a Ambulância era uma VMV (Veraneio muito velha) mas bota velha e mal tratada nisso, e lá se foi a ambulância com o Pé no Porão descendo o retão a uns 60 Km/h, uma velocidade astronômica para ela, bom depois de uns minutos a ambulância chegou, colocaram o Getulio lá dentro do jeito que deu, tudo bem, o motorista engrenou primeira para sair com a ambulância e ouviu-se um barulho “climmmm” quebrou a cruzeta da ambulância, e agora, tudo bem , chamem a ambulância de back-up, que era do mesmo tipo porem vocês podem imaginar o estado de conservação já que eles mandavam primeiro a outra (a da cruzeta) antes , passou uns 10 minutos e a ambulância chegou, trocaram o Getulio de ambulância, tudo bem, o motorista colocou primeira andou uns 100m e acabou a gasolina da ambulância, meu nessa hora eu pensei, “meu... , aqui ta phoda hoje”.  A solução foi parar um carro de corrida e eu me lembro que foi o Roberto Karecão quem parou para pegar o Getulio, colocaram ele dentro do carro de corrida com aqueles canos do Santo Antonio para tudo quanto é lado e levaram o Getulio para os Boxes, lá o pessoal que estava com ele providenciou o deslocamento dele para um Hospital, apesar que depois de tudo isso dava para ver que o cara estava bem, senão tinha morrida. Eu lembro que ele ficou uns 15 dias com as marcas roxas do cinto no peito, ele exibia essa marca com orgulho como se fosse um troféu.
Pois é pessoal, antes era assim, hoje para entrar um carro no autódromo tem que ter UTI móvel de plantão e estrutura de primeiro atendimento no autódromo, hoje os pilotos estão mais protegidos, mas com certeza tem muito menos historias para contar.

Não percam a proxima matéria “Airton Senna – O dia em que a terra parou”




José Carlos Fernandes Junior

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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ferrari Alonso X Massa

Hoje a Fia disponibilizou um video segundo o qual inocentaria a Ferrari no caso do jogo de equipe,  mas na verdade não sei a quem eles quiseram enganar,  vocês pode assistir,  esta no formula1.com.  Eles na verdade não mostram muito os dialogos,  colocam uma musica (um rock da pesada) e confundem mais do que explicam,  justificam que os dialogos não solicitam claramente que haja a mudança de posição,  mas isso na verdade não importa,  o que eu acho que poderia ser feito seria simplesmente solicitar duas paginas da telemetria da Ferrari do massa,  uma pagina com o grafico de rotação de uma volta normal e o grafico de rotação da volta onde ele sede o lugar ao Espanhol,  isso ficaria muito facil de comprovar.  Durante a corrida a coisa foi gritante,  ele vinha  a aproximadamente 1 segundo do Felipe,  na saida da curva onde foi ultrapassado,  claramente o Felipe esta com o acelerador a "meio pau",  e depois que o Alonso passa ele retoma a aceleração,  meu que coisa mais ridicula,  onde já se viu dar passagem a outro piloto em uma corrida,  SE QUER PASSAR QUE ACELERE.  A Formula 1 é um negócio como outro qualquer,  porem tem que atender as anciedades dos seus consumidores,  naquele domingo eles deixaram muito a desejar.

Fernandes


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Santos Futebol Clube

Vamos abrir uma pequena exceção aqui e falar um pouco de futebol,  estou muito feliz hoje porque o imortal SANTOS FUTEBOL CLUBE  foi campeão incontestavel da copa do Brasil,  parabens ao Dorival Junior , ao Presidente novo do Santos que esta fazendo um excelente trabalho, a comissão técnica e a todos os fabulosos jogadores.   Sentiremos muita falta do Robinho e do André,  mas desejo sucesso para eles,  e que um dia voltem a pisar o solo sagrado da Vila Belmiro.

O artilheiro













O Melhor Jogador do torneio,  quem sabe seja o melhor do mundo

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

90 anos do Barão Wilson Fittipaldi

Hoje completou 90 anos o Barão Wilson Fittipaldi,  um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento do automobilismo no Brasil,  o primeiro a transmitir uma corrida de Formula 1 para o Brasil,  ao Barão e a toda a familia muitas felicidades e muitos anos de vida.

Porque Pé no Porão

Caros Amigos,

Estamos inaugurando hoje o Blog "Pé no Porão",  esse nome pode parecer bastante peculiar,  porem é um termo muito usados por aqueles "ratos de autodromo"  e significando que o piloto esta com o Pé no Fundo,  esta flat,  esta com o "PÉ NO PORÃO",  isto da bem uma idéia de como será o nosso Blog.
Neste Blog iremos tratar principalmente do assunto que mais amamos que é o automibilismo,  iremos procurar dar muita ênfase e cobertura ao automobilismo Brasileiro,  iremos tentar cobrir o maximo de categorias tanto de asfalto como de rally,  passando pelas provas de arrancada.
Aqui iremos realizar cobertura de corridas "on-line" nos mesmos moldes que o UOL faz com os jogos de futebol,  com comentários diretos.
A programação das corridas a serem cobertas e o seu calendário estaremos divulgando em breve.
Alem disso teremos publicações de histórias de carros e de corridas importes,  e o mais importante a nossa opinião e a opinião do leitor.

Aguardem as novas publicações.

Um abraço a todos.

Fernandes


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